Uma Lágrima de Mulher - Aluísio Azevedo
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Sinopse
De Aluísio Azevedo, o Autor de O Mulato e O Cortiço, mais uma obra-prima da Literatura Brasileira: Uma Lágrima de Mulher, o seu romance de estréia.
"Então uma lágrima cristalina e santa, desprendendo-se do coração, rolou pura pelas faces da mulher. Chorou pela primeira vez. Aquela lágrima valia o poema inteiro de sua existência! Era o trânsito de seu arrependimento! Era o perdão dos seus crimes! Chorou uma lágrima de mulher, e por isso que vinha de Deus!"
Aluísio Azevedo situa suas personagens Miguel, Rosalina, Maffei e Ângela em uma aldeia de pescadores nas ilhas Lipari, na Grécia, onde inicia a narrativa. Posteriormente, em Nápoles, Itália, além de mostrar as mudanças de caráter em Rosalina, antes ingênua e meiga, e em Maffei, de austero a ambicioso e amoral, põe a nu a hipocrisia daquele meio social, que define como uma sociedade flutuante, onde burgueses ricos e nobres falidos estabelecem relações promíscuas.
Prólogo
Numa das formosas ilhas de Lípari branquejava solitária uma casinha
térrea, meio encravada nos rochedos, que as águas do mar da Sicília batem
constantemente.
Ao lado esquerdo da modesta habitação corria uma farta alameda de
oliveiras, que, juntamente com os resultados da pesca do coral, constituía
os meios escassos de vida de Maffei e sua família.
O pescador enviuvara cedo.
Do amor ardente e rude com que o embalara por dez anos uma
formosa procitana por quem se apaixonara, restava-lhe, como recordação
viva da extinta mocidade, como um beijo animado da felicidade que
passou, uma alegria de quinze anos, uma filha querida, meiga e delicada
como o afago de uma criancinha.
Ela o adorava. Enchia-o de beijos e ternuras; era como um rouxinol a
acariciar um tigre. Nas tardes melancólicas do outono, quando se
assentavam ao sol no terreiro, contrastava com a bruteza do peito largo do
pescador a engraçada cabeça de Rosalina, que se debruçava sobre ele.
Completava a pequena família de Lípari uma boa e religiosa velha
dos seus cinqüenta anos, ama, criada e amiga; Ângela era, ao mesmo
tempo, a mãe adotiva da filha de Maffei.