As Cartas de Amabed - Voltaire
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Sinopse
Voltaire é surpreendente. Nunca chega ao superficial, seja qual for o texto. Às vezes é mais cuidadoso
e profundo, em outras mais leve, mas é sempre ele. Não se pode dizer o mesmo, por exemplo, de
Shakespeare. Macbeth, Romeu e Julieta ou A Megera Domada parecem escritos por pessoas diferentes.
Há letristas (aqueles que fizeram curso de Letras) assegurando que Shakespeare era mais de um ou
nenhum deles. Ora, continuem a fazer suas classificações, compliquem a gramática que já conhecíamos,
mas deixem o maior dos dramaturgos em paz e, por favor, não incomodem Voltaire; a réplica pode ser
fatal.
As cartas de Amabed carregam o mesmo estilo do pensador, que as obras didáticas insistem em
classificar entre os iluministas e racionalistas (custaria ler com um pouco mais de cuidado?).
Falando a sério: século XVIII, na Inglaterra, explodiam os romances em forma de correspondência.
Voltaire não simpatizava muito com essa moda, escreveu Abamed como paródia do gênero literário e o
fez com a genialidade que lhe era peculiar; valorizou o estilo.
Prólogo
Luz de minha alma, pai de meus pensamentos, tu que conduzes os homens nas vias do Eterno, a ti,
sábio Xastasid, respeito e ternura.
De tal forma já me familiarizei com a língua chinesa, conforme os teus sábios conselhos, que leio com
proveito os seus cinco Kings, que me parecem igualar-se em antigüidade ao nosso Xasta, de que és
intérprete, às sentenças do primeiro Zoroastro e aos livros do egípcio Thaut.
Cândido.
Afigura-se a minha alma, que sempre se abre diante de ti, que esses escritos e esses cultos nada
tomaram uns dos outros: pois somos os únicos a quem Brama, confidente do Eterno, ensinou a rebelião
das criaturas celestes, o perdão que o Eterno lhes concede e a formação do homem; os outros nada
disseram, ao que me parece, dessas coisas sublimes.