Água de Juventa - Coelho Neto
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Prólogo
Tiros estrondavam, com grandes ecos reboantes
rolando pelas quebradas ; campeiros bradavam — e
eram galopes desabridos de potros, montados em
pêllo, algazarra de crianças, gritos assustados de
mulheres, que bracejavam, acenando aos filhos,
chamando-os, reprehendendo-os, com receio de que
fossem cuspidos pelos animaes naquellas correrias
loucas.
Ali mesmo, numa aberta do matto, perto da
povoação agreste, eram as rezes abatidas e
escorchadas. As bandounas, apodrecendo em
acervos, attrahiam os tirubus, e, emquanto,
acolhidas aos ranchos, á volta dos caldeirões
fumegantes, as familias comiam, falando das terras
longinquas que habitavam na orla branca do mar ou
nos ricos convalles de mineração, os abutres
disputavam o deventre das rezes, brigando,
esvoaçando rasteiros ou fugindo aos cães, em vôo
alto, com um tassalho de carniça pendente do bico.